10 de março de 1978

Sonho

*
Tão complicada esta vida... e como seria simples amar-te
Tomar-te como uma criança em meus braços, beijar-te;
(Perdoa, amor, estas coisas que penso e a estas horas escrevo)
Tomar-te só para mim, e dividir contigo pedaço por pedaço,
Este amor, este sonho...
Chamo sonho a este amor com que me embriago,
Amargo pensamento onde apenas é doce a tua presença.
Perdoa amor: Pensar em ti era, a princípio, vago.
No começo, nem supus que importante isto fosse.
Hoje, pensar em ti, já é quase uma doença...
Que hei de dizer-te, afinal, se nada posso esperar...
Se temo que tudo se desmanche...
Receio pronunciar qualquer palavra, a palavra
Que seria essa pequena pedra deslocada,
Capaz de provocar uma avalanche,
... e sepultar
Este sonho, e fazer de tudo ...
... Nada!
(desculpa por qualquer palavra mal colocada,
... é que muito te amo ...)

Rosária Cid

5 de março de 1978

Anseios

*
ÁGUA eu quisera ser – pela alegria
de te dar a beber meu próprio ser;
por tua sede, que eu não mataria,
para molhar teus lábios por prazer...
VENTO eu quisera ser – e à noite, iria
adormecido, te surpreender
ressonando em teu leito, e então seria
o ar que precisas para poder viver...
FOGO eu quisera ser – e, em rubras chamas
num delírio de amor, todo, abrasar-te,
para ter a certeza de que me amas...
depois, para possuir-te, de verdade, totalmente,
TERRA eu quisera ser – e disputar-te,
Ciumenta, à morte, pela eternidade!

Rosária Cid