25 de julho de 1979

Carta (nunca entregue)

*
À você
Entre os acertos e os erros
Ficou um saldo positivo:
Você é a singeleza, a candura, a candidez.
É assim que eu o vejo;
É assim que eu o concebo.
Você vem das minhas entranhas
Não sei se tardiamente ou não;
Quem sabe, na hora exata
em que nos precisávamos....
Somos filhos da mesma longa caminhada
De caminhos tortuosos, pedregosos
Cheios de sol e sem vento.
Temos as mesmas cicatrizes
Os mesmos desenganos e,
Quiçá, as mesmas esperanças.
Mas estou parada ...
Ouvindo o tempo rouco ...
Cansada de me impelir por muitas veredas.
Acertarei o caminho da esperança?

Rosária Cid

10 de maio de 1979

Loucura

*
A verdade
é que cheguei tarde...
E não pudeste prever que um dia,
eu viria..
E o que teria sido?
Um sonho bom e igual a tantos outros,
Uma estória de amor e de ternura....
- Não pode ser amor somente, e
sendo mais,
tem de ser Loucura...

Rosária Cid

9 de maio de 1979

E por que não?

*
No princípio, foi como um sonho
Te ver, te abraçar, te beijar...
Tudo tão mágico!
Foi difícil pra eu reconhecer
O quanto te quero.
Lutei contra teu maior inimigo (meu Eu).
Nos momentos de medo e incertezas,
Me agarrava à tua doce lembrança.
Nos momentos de vazio e angústia,
Sentia teu cheiro e teu abraço.
E me entregava ao meu amor como num delírio.
Eu precisava disso.
Meu espírito, minha sensibilidade mais profunda,
Minha própria RAZÃO, e meu corpo precisam desse amor.
Eu os sinto me impelindo a este amor.
Ele flui na minha pele e nos meus olhos.
E, conscientemente, me entrego a ele.

Rosária Cid