Queria, como um pássaro, poder voar...
Sentir, nas asas, a brisa leve do vento,
Sobre a relva verde, poder planar
Sem me preocupar com o tempo...
De cima, avistaria os rios e o mar
Não teria pressa... nem destino certo...
Sentiria as cachoeiras de perto
E, se necessário, de galho em galho, iria repousar
Ah! Como queria!
Beber água pura das fontes,
Comer, nas árvores, muitas frutas,
Atravessar muitas pontes,
Visitar as mais belas grutas...
Escalaria imponentes rochedos
Para, lá do alto, apreciar a bela natureza
Sussurraria, numa prece, meus segredos...
Apreciaria, da flor, tanta delicadeza!
Quando a chuva caísse, sorrateira,
Voaria bem rápido, a me esconder
Entre os galhos de uma amendoeira,
Até o sol, de novo, aparecer...
Sob a luz e o calor do sol, amanhecer.
Com a luz e o brilho da lua, adormecer.
Olharia para o céu e, vendo a imensidão,
A Deus me renderia, agradecida,
Com minha alma em ascensão
E, entre encantada e estarrecida,
Descobriria que fronteiras não existem
Que, do alto, não se distingue mapa
Que diversas raças sobre a terra convivem
Como numa harmoniosa sonata...
Rosária Cid