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Parte I
Por seguidas tardes inertes,
Fiquei pensando em te exaltar;
Mas tu para isto nada fazias.
E cada vez mais te encorajava.
Passaram-se horas e com elas
Meus pensamentos.
Que fazer depois:
Da janela a olhar vazio
Nada encontrava, senão o nada.
E dentre todas as minhas ações
A de nada fazer pereceu.
E trépidos aplausos confundiram-me.
E tu? Que fazias?
Arrefecias a flor que te havia dado.
E calado permanecias.
Nem um gemido
Nem uma esperança
Não calefazias minhas mãos
Nem meus sentimentos
E num ato sem efeito
Morre a tarde!
Parte II
E a noite vem.
E tua presença me marca ainda mais;
Manchas e feridas deixas em me corpo;
E para o contrário nada fazias.
Minhas entranhas te deixam também confuso.
Parte III
E a madrugada vem.
Nada, ainda, é o que fazes.
E meu olhar já não é o mesmo;
Ele caiu como a noite.
Me assustas e não sei o que faço.
Apenas espero.
Parte IV
Mas a manhã virá
Então te enxotarão!
E tua inimiga então me consolará.
Minhas mãos estarão mais gélidas
E retirarás as manchas que em meu corpo tu fizestes.
Gemerás e irás para sempre
Até que a tarde retorne
E então voltarás.
Parte V
Amanheça!
Apareça para me satisfazer
Ó Sol!
Rosária Cid
26 de janeiro de 1976
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